FOTOGRAFIA E SOCIEDADE – CÂMERAS LOMO E POINT SHOOT

Muita gente tem vontade de aprender a fotografar, mas ter que estudar os fundamentos e conhecer os inúmeros termos técnicos acabam afastando os interessados. Mas eis que surgem as câmeras point and shoot. E o que elas prometem? Basta apontar para o assunto, levantar a câmera e apertar o disparador. Pronto, a foto está feita. Simples não?

O movimento em torno dessas câmeras se intensificou com a produção em larga escalada da LOMO LC-A, modelo fabricado na década de oitenta pela LOMO (União de Óptica Mecânica de Leningrado), na extinta União Soviética. A inspiração veio da câmera fotográfica japonesa Cosina.

Mas até que ponto as câmeras de plástico se propõem a dialogar com a técnica fotográfica? Vamos pensar na fotografia como uma ciência, um conjunto de saberes que aplicamos para moldar a luz e transmitir uma mensagem por meio de uma mídia. E, como qualquer ciência, envolve uma série de saberes que não estão ao alcance de todos. Nem adianta falar que estão, porque não estão. O conhecimento no Brasil é caro, mas isso é papo para outro texto.

Por conta de o saber fotográfico não estar ao alcance de todos, acredito que as câmeras Lomo favoreçam esse primeiro contato com o mundo das imagens. Acaba provocando o interesse de quem sempre quis aprender, mas nunca teve orientação de por onde começar.

Mesmo com tantas opções acessíveis no mundo da fotografia, como as câmeras digitais e os celulares, muitos usuários optam pela Lomography.

Portanto, se as pessoas consomem essas câmeras, que elas sejam proveitosas. Por exemplo, aprendendo a lidar com filme e se familiarizando com os processos de revelação. Se uma prática contribui para a construção de um conhecimento em torno do assunto, essa prática não deve ser ridicularizada ou ignorada. Pelo contrário.

—————

Texto: Yan da Mota Campos
Revisão: Alessandra Nunes Martins