PROJETOS FOTOGRÁFICOS: EU NÃO VI SEU CORPO

ARTIGOS | 17/02/2017

Fazer da fotografia um remédio para momentos ruins. Larissa, 28 anos, Rio de Janeiro, fez do seu projeto uma cura para seus momentos das fases ruins da vida. Ela concluiu que quando ela estava nessa fase, ela precisava de desafios. Como ela é muito responsável com compromissos, ela teve a ideia do “Eu não vi seu corpo”. O desafio começou porque ela nunca tinha fotografado nu e queria ir atrás de ver pessoas e seus problemas, suas dificuldades, histórias, coisas boas, elas de verdade, elas “nuas e cruas”.

Para captar modelos para o projeto ela escreveu uma carta falando dela e postou nos grupos de ajuda feminina. Cerca de 40 pessoas a procuraram e ela aprofundou sobre o projeto, falando das consequências de ser exposto e ia estar em muitos lugares online. Dessas 40 mulheres, sobraram apenas 8 delas.

Esse projeto também tem o objetivo de não conhecer nada das meninas, apenas nome, idade, endereço e a data do ensaio. Ela encontrou com essas mulheres em apenas 3 semanas. Larissa chegava no lugar marcado, mandava mensagem dizendo como está vestida – elas olhavam as fotos da Larissa, para saber quem é a fotógrafa e a reconheciam. Começavam o ensaio na primeira vez que se viam. O local das fotos sempre são nas casas das mulheres. Apenas o oitavo ensaio foi na praia, pois a modelo dizia que a praia é a casa dela.

O projeto retoma toda vez que a Larissa precisa sair dos momentos de melancolia e tristeza. Ela tinha medo de fotografar clientes pois sempre tinha medo do resultado, no projeto ela estava de peito aberto. Começou a fotografar conversar com cliente com a câmera no rosto e a cliente nem percebia a câmera no olho da Larissa. Construía a confiança com a cliente no próprio ensaio. A fotógrafa diz que um dos maiores presentes que ela ganhou com o projeto foi se tornado humana com uma câmera no rosto. 

O mais tenso dos ensaios, foi o primeiro. Ela pensava o quando a modelo era doida de não a conhecer e ela não conhecer a modelo, além do nome. Lembra da sensação até hoje das três batidas na porta, a resposta do “já vai” e o um minuto que pareciam que eram dez de tanto nervosismo. Mas no final das contas, foi muito bom ter conhecido as modelos e o quanto elas a ensinaram, o quanto as histórias a marcaram.. “Eu poderia falar delas por horas…”

Das luzes que não dizem nada e as meninas que dizem tudo. Ve-lás se misturando sem um padrão visual, sem uma estética aprimorada e sempre atrás da simplicidade. O projeto é sobre histórias, sobre pessoas… além “é sobre uma mistura muito ingênua da minha alma velha em encontro de outras almas”, segundo Larissa.

Para acompanhar esse projeto, siga eunaoviseucorpo.tumblr.com

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Texto: Débora Agostini

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