PROJETOS FOTOGRÁFICOS: BLACKISPOWER

ARTIGOS | 28/08/2017

Crislayne Almeida, 18 anos, há 3 anos é fotografa e há 1 ano e 3 meses entrou para o ramo da fotografia de imóveis para uma empresa, mas sem deixar de lado seus ensaios aos finais de semana ou quando sobra um tempo durante a semana. É estudante de Publicidade e Propaganda, quer ter uma experiência nessa área também, mas o foco é a fotografia mesmo. Diante de toda diversidade que a fotografia possui, ela tem pensado e tentado aos poucos decidir que tipo de fotografa quer fazer, que tipo de foto em que quer ser reconhecida.

“Para mim a fotografia é a forma que encontrei de fazer as pessoas ver as coisas com outros olhos, principalmente as coisas mais simples da vida. Ás vezes passamos por um mesmo lugar todos os dias, rotineiro, e não vemos graça em nada, é aí que eu entro, mostrando que ali pode sim ter uma coisa bela, que seja apreciável, aí as pessoas passam a ver as coisas de outra forma, de uma forma mais colorida, iluminada”.

O projeto surgiu depois que ela percebeu que a maioria dos fotógrafos não chamava mulheres negras para fotografar, “buscam muitas vezes pelo padrão de menina magra, branca, loira, se tiver olho claro melhor ainda”.

Isso começou a intriga-la, “será que por não se ver nessas fotografias, por não achar sua beleza digna de um ensaio nenhuma menina negra fazia orçamento comigo? Se fosse por isso, ia acabar agora. Aí surgiu a ideia do projeto, chamar pessoas negras, homens, mulheres, casais e idosos.”

Quando ela divulgou o projeto “BLACKISPOWER” surgiu muita gente, onde elas estavam antes que nunca pensaram em fazer um ensaio? Admirando as fotos padrões que elas não estavam incluídas, em que elas não se enxergavam. Mas com o projeto passaram a se admirar, a se ver, a ver sua beleza, a se amar mais.

“A forma que encontrei de lutar contra o racismo, coisa que convivo diariamente, vejo pessoas ao meu redor que são racistas e ninguém fazendo nada, ou quando tenta não ser, acaba fazendo da forma errada, o que só piora a situação. Eu sou filha de pais negros, mas nasci com a pele clara, meu noivo é negro. E diversas vezes vi eles, as pessoas que mais amo nesse mundo, sofrendo com isso.  Isso é um assunto sério, que nem sempre é colocado em pauta, em especial na fotografia. Então estou respondendo da melhor forma que achei, com a fotografia, com a beleza.”

“Além das fotos eu pego um depoimento de cada um dos participantes. Fazendo perguntas simples. Mas é cada história que ouvi, que doeu em mim, mas no final sempre há a volta por cima.”  

No site do projeto, a Crislayne conta um pouco da história das pessoas que fotografou, histórias de preconceito, de autoconfiança e autoconhecimento, de mudanças, de querer ser quem é e não o que outros pensam, de se amar, de aceitação e admiração.

“(…) O projeto BLACKISPOWER é muito bom, porque a gente acaba se empoderando mais e com ele incentivamos outras pessoas negras que verão as fotos e meu depoimento a elevar cada vez mais sua autoestima e se aceitar.” Gabriela Avelino

“(…)Participar do ensaio foi bom, pois dessa forma podemos expor nossa cultura, nossos estilos, nossos cabelos afro, acaba que eu ajudo muitas meninas e influencio também a aceitar o cabelo natural mostrando o meu.” Patrícia Regina

“Eu consegui meu objetivo, tenho certeza que mudei o olhar de muita gente sobre a fotografia depois desse projeto, sobre o racismo, preconceito, padrão de beleza, afinal fotografia é muito mais que fotos, é oportunidade de realizar mudanças na vida das pessoas. E o projeto não tem prazo de validade, quero continuar fazendo essas mudanças na vida das pessoas.”  

Para conhecer mais sobre o projeto: http://projetoblackispower.tumblr.com/

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Texto: Bruna Medeiros

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